terça-feira, 2 de setembro de 2008

O silêncio e o nada

Ensurdece o dia
Sem a sua fala
E tudo resvala
Em calar
Não falo eu
Nem mais ninguém
Nem ninguém há
Nessa casa sozinha
Não há nem sujeira
Nessa cozinha
A antena da televisão
Enfim instalada
Para depois do vazio
Ficar algum nada
Um copo de água
E paredes frias
Lá fora o cachorro
Em contentamento
Brinca com o rabo
E assim vai a hora
Na companhia do vento
Pela memória
Fantasmas que sopram
Reduzem gentis
O meu tormento

Fazer falta.
Isso não se faz
Com ninguém.

4 comentários:

Mila Botto disse...

Emocionante, contagiante.

Elisa DI mINAS disse...

"Fazer falta. Isso não se faz com ninguém"
Eita Poeta, infinito de pensamentos por aqui.
Sabia q vivo "ninguéns"?

Unknown disse...

Escrevemos o que sentimos? o que percebemos? nossos pensamentos?
Talvez fazer falta seja a única arma que temos para alcançarmos aquilo que desejamos...

Anônimo disse...

Viva a falta que te fez versar tão bonito.