sábado, 20 de novembro de 2010
Aurora
Aurora, Aurora
acorda!
Errei de país.
Amei primeiro que o amor
Ao pensar se ele fugiu
Foi porque nunca veio.
Veja o sangue
veja o fogo
nossa pátria mãe gentil
é a puta que pariu.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
O Aedo ®
Dos conselhos a seguir
Por tantas celas caminhei
Nesses reinos a basculhar
Por tantas celas caminhei
Nesses reinos a basculhar
A paz, aurora ainda desacordada
Ordenado pela
passagem
Em portentos braços viajantes
Com voz estronda anunciei
Os amargos fins de uma era inteira
E vi os grãos navalhados
Separados e eu os contei
No fiado espaço do inenarrável
Eis a volta do Grande Rei
Contra os áspides, brasido canto
Aos amáveis inefáveis alentos
Dos antifonários que esqueci
Aos amores me causei,
Às procelas me venci
Dos assombros de meus ais
E tão longe me afastei
Aos caminhos madrigais
Solidão, é noite
Já não voltarei, jamais
Aos amores me causei,
Às procelas me venci
Dos assombros de meus ais
E tão longe me afastei
Aos caminhos madrigais
Solidão, é noite
Já não voltarei, jamais
Edaz, platina e virulosa montante
Amava-me como cavaleiro andante
Revesti-me de suntuosa glória
Marchei por entre mouros sentinelas
Morei ao fundo das cidadelas
Mas foi nela pura lídimo pousar
De olhos lumes ao meu fadar
Desmantelei à dura pena
A sina de tantos outros evitei
E só em passos deserdantes
A arca do exílio encontrei
Tanto cantei nas horas vãs
Entre planos desconhecidos
Pelas ilusões acometidas
Para nobres e esquecidos
Delas breviários corações
A sina de tantos outros evitei
E só em passos deserdantes
A arca do exílio encontrei
Tanto cantei nas horas vãs
Entre planos desconhecidos
Pelas ilusões acometidas
Para nobres e esquecidos
Delas breviários corações
No mergulho de um instante
Ao elevo dessa senhora
vacante afora de mim
desde que morro por aquela
que escolheu-me para si
tornou-me seu cativo
de ancestrais imensidões
onde o coração amante
redesarma seus grilhões
pois morre porque não morre
vive sem viver em si
Ao elevo dessa senhora
vacante afora de mim
desde que morro por aquela
que escolheu-me para si
tornou-me seu cativo
de ancestrais imensidões
onde o coração amante
redesarma seus grilhões
pois morre porque não morre
vive sem viver em si
Travores me pertubaram
Espreitavam minha solidão
Em sóis levaram o meu espanto
As minhas rugas de imensidão
A espreita esquife, derradeiro verso
Entre tudo que quis, já pedir, não peço
Elenco apenas meu distinto fado
Percorro as grotas, muros e passos
Atando-me aos laços do que vivi
Tentando refazer o caminho
Desde que louco me perdi.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Tô tocando ®
Tenho nada nas mãos
somente o meu fluxo
e um resto de canções
inflamadas
Agora que as notas
se fazem carne
um carnaval de sentidos
brinca nas minhas
cordas
E as carícias
que me trazem
os ecos do futuro
Tocam nada
e tocam quase tudo
somente o meu fluxo
e um resto de canções
inflamadas
Agora que as notas
se fazem carne
um carnaval de sentidos
brinca nas minhas
cordas
E as carícias
que me trazem
os ecos do futuro
Tocam nada
e tocam quase tudo
domingo, 18 de julho de 2010
Da Fuga ®
Não posso te deixar fugir
de onde vim nunca terminei
e me fiz de morto naquela guerra
pra nunca me acharem longe de você
Vê: é outra parte da história
lá onde bençãos são as memórias
que arrebentam pra se mostrar
Vê: se a canção tocar pra nós
e dessa garganta crescer a voz
gritando a verdade sem mais doer
Os poetas ainda vacilam por aí
eles querem demais saber
o que foi feito de você
Se existe conforto por onde ir
ou uma praia pra dormir
deixa que insisto em insistir
é esquisito demais assim
quanto é o longe
até se perder?
de onde vim nunca terminei
e me fiz de morto naquela guerra
pra nunca me acharem longe de você
Vê: é outra parte da história
lá onde bençãos são as memórias
que arrebentam pra se mostrar
Vê: se a canção tocar pra nós
e dessa garganta crescer a voz
gritando a verdade sem mais doer
Os poetas ainda vacilam por aí
eles querem demais saber
o que foi feito de você
Se existe conforto por onde ir
ou uma praia pra dormir
deixa que insisto em insistir
é esquisito demais assim
quanto é o longe
até se perder?
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Bang! ®
quinta-feira, 3 de junho de 2010
O Acaso ®
O acaso
esse ilustre companheiro
alheio ao treinamento
prevê nada
para acontecer
é preciso que se exponha
sem degrau de vergonha
sem nariz de se impor
vai, vou,
vou, não fiz
fiz, não faço
vai, não fui
dou, não dor
esse ilustre companheiro
alheio ao treinamento
prevê nada
para acontecer
é preciso que se exponha
sem degrau de vergonha
sem nariz de se impor
vai, vou,
vou, não fiz
fiz, não faço
vai, não fui
dou, não dor
sexta-feira, 23 de abril de 2010
O especialista ®
Tornei-me especialista
em etcs
porque sempre quis
andar letrado
na linha
torta como bem escreve Deus
torto como não se indireita
nunca
em etcs
porque sempre quis
andar letrado
na linha
torta como bem escreve Deus
torto como não se indireita
nunca
quinta-feira, 1 de abril de 2010
O dial da falta ®
Com cuidados eu fiz um abrigo
no violão da criatura
seu comprimento tocava as nuvens
sua morenidade fotografias
de repente a saudade é uma FM
que preenche o engarrafamento
e sentir falta vira um contrato
que desespera a assinatura
Hoje sou balões de gás
que voam pelos circos normais
hoje eu quase tenho paz
desejar é uma frescura
que ao pensar em tocar sua pele
me sujo de arrepios
letras e vazios
no violão da criatura
seu comprimento tocava as nuvens
sua morenidade fotografias
de repente a saudade é uma FM
que preenche o engarrafamento
e sentir falta vira um contrato
que desespera a assinatura
Hoje sou balões de gás
que voam pelos circos normais
hoje eu quase tenho paz
desejar é uma frescura
que ao pensar em tocar sua pele
me sujo de arrepios
letras e vazios
terça-feira, 30 de março de 2010
Encontraria ®
De olhos para olhos
a linguagem dos sinais
não dizem nada
se entendem como nunca
ou como jamais
preciso beber um pouco
daí raciocinar
tudo que é vivo em mim
está andando por aí
mas na mesa,
enquanto comemos
os olhos esperam.
a linguagem dos sinais
não dizem nada
se entendem como nunca
ou como jamais
preciso beber um pouco
daí raciocinar
tudo que é vivo em mim
está andando por aí
mas na mesa,
enquanto comemos
os olhos esperam.
sexta-feira, 12 de março de 2010
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Caí
Outro dia
quando caia da escada
abri meu pára-quedas
consegui salvar
meus olhos
uma ilusão
e duas pernas
quando caia da escada
abri meu pára-quedas
consegui salvar
meus olhos
uma ilusão
e duas pernas
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Drogadura
Só foi a pele restando
quando mudou a partitura
e logo perdeu a cama
o viço e a frescura
toda coisa se estragando
na complicada ruptura
entra dia menos dia
diz que muda, não atura
toda mentira prolongada
deixa a casa na loucura
ontem a vi na noite
uma tara sem censura
vai chupando na narina
a alegria mais escura
fode com a madrugada
com a rua se perfura
de manhã abraça o porteiro
perguntando se morreu.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Rameira
Divina pele
em sol rimôutico
sabre de pétalas
Depois que detesta o sol
assume brumas do espelho
Vive portanto
em ares de ouro em pó
Pérola, preciosa
e tudo mais que advir
das diabruras das jóias raras
Decadência
divina de decência
Mais moral em seus pés
que na cabeça
Foda-se a moral
antes que me esqueça
Isso sempre é dela,
a novela das sandalinhas
arrastando pelos passos
e os olhos tilintando
sobre o sorriso dentado
sensual cheio de cantos de boca
Desbunde para tudo
Amar e ramar:
Rameira.
em sol rimôutico
sabre de pétalas
Depois que detesta o sol
assume brumas do espelho
Vive portanto
em ares de ouro em pó
Pérola, preciosa
e tudo mais que advir
das diabruras das jóias raras
Decadência
divina de decência
Mais moral em seus pés
que na cabeça
Foda-se a moral
antes que me esqueça
Isso sempre é dela,
a novela das sandalinhas
arrastando pelos passos
e os olhos tilintando
sobre o sorriso dentado
sensual cheio de cantos de boca
Desbunde para tudo
Amar e ramar:
Rameira.
Assinar:
Postagens (Atom)