sexta-feira, 29 de agosto de 2008

06 de setembro

Cravo, escrevo, crivo em nós a separação.
Caio, preso, tido em nós a resolução.
De abrigo, crido em casos na multidão.
Verto, zelo, pouso de gratidão.
Separo-me da podre parte da gravidade.
Oponho-me todo e inteiro a discussão.
De que é arte, censo, inerte a profusão.
Tento e visto coisas púrias mas a confusão
lateja tanto que vez em quando,
provoco o mar e o trovão.
Essa pele pouca, a voz mais rouca, é envelhecer.
Reparto-me da minha idade, cruel vontade, vou me perder.
Nos meus nobres anos, por isso meu crivo é amadurecer,
De onde me divido e envelheço, e velho de novo vou me manter.
Pois ao perpassar os anos são como lâminas a me cortar.
E ferido fico mais disposto, as rugas no rosto é para mostrar,
Os nervos que enroscam o corpo na tentativa de reconstruir.
Vivo e adormeço, no outro dia acordo assim,
a prever feliz, que não sou eu que vivo,
mas estes anos que vivem em mim.


Numa cozinha metafísica na Casa dos Carneiros. Quadras de outubro de 2007.

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